Maneira irrefletida de levar a vida

 Sempre me senti um pouco sensível ao mundo como ele é dado, em uma posição muito questionadora diante das coisas que já tentaram me impor como religião, política, música, etc. Esse jeito de ver a vida parece ter vindo de fábrica em mim, o que me fez ser uma criança cheia de angústias voltadas ao sentido da vida e, depois, uma adulta um tanto filosófica, tentando encontrar minha maneira mais genuína de ser no meio desse mundo que fui lançada sem pedir.

Encontrar essa maneira se torna mais difícil com tantos atravessamentos do mundo moderno, principalmente as redes sociais, a criação da profissão "influencer", o acesso cada vez mais precoce à internet, entre tantas outras coisas. Será que ainda conseguimos? Eu acredito que sim. Esses atravessamentos podem, inclusive, ser positivos para quem não fica na posição de irreflexão e só vai na onda do momento como o morango do amor, labubu, pistache ou qualquer outra moda passageira.

Acompanhar as mudanças culturais também faz parte de questionar o mundo: como ele te afeta e como afeta as pessoas a sua volta. Refletir sobre isso pode nos tornar menos conformados com a própria realidade e, consequentemente, desenvolver uma maturidade para lidar com tantas novidades que chegam. E veja: para cada questionamento, dificilmente existe uma resposta definitiva (ou talvez nem exista resposta).

Uma pergunta que sempre faço às minhas pacientes é: como é não ter as respostas? Para essa pergunta também existem muitas respostas possíveis... e acredito que isso seja a própria vida: sempre teremos uma dúvidas em aberto. Pode ser uma briga mal resolvida, uma amizade que não deu certo, uma profissão que não saiu como o esperado, etc. Com algo em aberto, é comum ouvir a famosa frase "Eu preciso de um encerramento daquilo". Mas será que precisa mesmo?

Você realmente precisa encerrar algo ou está transferindo a responsabilidade dos seus sentimentos para outra pessoa ou cirscunstância? São tantas perguntas que poderia fazer uma lista extensa só delas. Mas uma coisa é certa: é melhor se questionar de algo assim do que não se questionar sobre absolutamente nada.