O Instagram e o Recém-formado

Tenho percebido um aumento na quantidade de conteúdos repetitivos, feitos por influenciadores ou pessoas que almejam um certo engajamento. Sei que não é de hoje que isso acontece e que existem diversas questões por trás disso, que gostaria de descrever mais sobre. Conteúdos nichados, como a Psicologia, por exemplo, têm sido alvo desses conteúdos repetitivos e de informações equivocadas, o que (não esperando menos) me gera grande incômodo.

Quando estava na faculdade, sempre senti que deveria apostar tudo no Instagram para crescer como profissional (eu e toda a torcida do Corinthians, aparentemente). A rede virou, de certa forma, um tipo de "currículo" do profissional, e é difícil não nos pegarmos na situação de, quando vamos procurar um profissional, avaliarmos as redes sociais dele também. Então, como vamos ficar de fora desse cardápio na hora de oferecer nosso serviço?

Ao me formar, notei uma crescente de páginas no Instagram de recém-formados criando conteúdos que (pasmem) chamassem atenção de quem está ferido, com a finalidade de ganhar um paciente ou outro. Esse sentimento de crescer profissionalmente pelo Instagram caiu por terra quando notei que, justamente, todos estavam fazendo a mesma coisa. "Ai, mas você vai fazer diferente de ciclano", sim, claro, entendo que cada um tem sua subjetividade e maneira de se expressar, mas será mesmo que o conteúdo em si é tão diferente assim?

A ideia de criar conteúdos para crescer profissionalmente é uma ótima venda. Você monta um post bonitinho, escreve uma legenda legal, pode investir em patrocínio e pronto: sua clínica está montada!

As expectativas são sempre grandes — e correspondem com a queda. Como chega nesse recém-formado a ideia de que, seguindo esses passos, você vai crescer profissionalmente? E o quão doída é a quebra de expectativas de quem tem apostado tudo nisso e não tem retorno?

Existem exceções... e elas existem para confirmar uma regra: nem todos conseguem viver de internet.

O momento pós-graduação é de extrema angústia. Sentimos que não estamos prontos, que temos que nos adaptar ao século da internet e que temos que ter a agenda cheia em poucos meses de formação. Ser psicóloga em 2025 significa aplicar a profissão ao mundo atravessado por um horizonte histórico da pressa. O profissional e o paciente têm pressa.

O paciente que veio pelo seu post do Instagram, ficou? 



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