Trabalho em 2025

Trabalho tem sido um tema recorrente em minha volta, não sendo apenas um tema que aparece bastante na clínica, mas também como tenho sido atravessada por ele.

Quando me perguntam o que é "terapia", sempre respondo que é trabalho. Vivo disso e pretendo seguir assim por muitos anos (até onde fizer sentido). Apesar de ser algo que me traz muita gratificação, também me sinto muito sozinha na prática, o que me leva a buscar novos espaços de atuação.

A busca por um novo trabalho é extremamente angustiante. Para além da angústia, somos uma geração de trabalhadores que vimos nossos pais e avós sofrendo em relações laborais, seja não gostando do trabalho, sofrendo algum tipo de violência, tendo que se locomover para muito longe ou precisando reivindicar muitas coisas para manter um emprego — e isso deixou um traço na nossa história pessoal com o trabalho.

Nesses tempos, também tem tido uma romantização do CNPJ e uma demonização do CLT. Hoje temos noção do que é uma violência dentro do espaço de trabalho, o que é injusto e, sobretudo, o horizonte sobre como queremos viver daqui a alguns anos é levado muito em consideração. Assim, acabo notando muitas empresas patinando com isso, com uma rotatividade de funcionários extremamente alta e sem entender como essa geração que chega não "aguenta" o trabalho.

Cabe nessa discussão também o aumento de casos de Burnout (o que até poderia trazer a discussão da patologização da vida, mas deixa para outro momento rs), que me leva a pensar: estamos todos ficando doentes ao mesmo tempo? Por que só agora notamos um grande número de pessoas lutando pelo fim da escala 6x1? 

A sensação que fica é que, justamente, não há uma adaptação do meio de trabalho para o tempo que vivemos (claro que como tudo, há exceções). Ainda existem muitos desvios de funções, sobrecarga, desigualdades, precarização e instabilidade, que acaba gerando uma desmotivação enorme no trabalhador e um desejo por se livrar da relação de ter um chefe, tornando o "ser o próprio chefe" extremamente tentador.

Também percebo um aumento na propaganda do "dinheiro fácil" com as bets, tigrinho, esquemas de priâmide, etc. Vemos muitos jovens nas redes sociais fazendo dinheiro fácil (e realmente é tentador e frustrante), mas cai no que escrevi no texto anterior: nem todo mundo consegue viver de internet.

Que glamour é esse que acompanha o CNPJ? Seria essa a melhor saída? E os benefícios do CLT? Como nos adaptar a essa nova geração de trabalhadores e as empresas? 

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